Não por acaso nossa Constituição da República tem uma seção dedicada ao desporto. Doravante visto como luxo para poucos, mera extravagância ou hobby dos mais abastados, hoje o esporte é atividade que deve ser fomentada pelo Estado, diretamente ou mediante incentivos, garantindo a todos a prática desportiva, tanto formal quanto não-formal.
Já em tempos pretéritos, o esporte era exaltado como peça fundamental de uma filosofia de vida pautada em uma rotina saudável. Alguns filósofos abordaram o tema, ainda que de forma tímida. O pensador Huizinga, ao contrário, dedicou uma obra inteira a abordagem da relação entre o homem e o desporto, já antevendo o que atualmente se considera um compromisso de todas as nações.
O esporte tem o poder de congregar todas as raças, credos e classes sociais, sendo utilizado freqüentemente como meio de apaziguar conflitos e estabelecer, ainda que temporariamente, a ordem em zonas de guerra. É também capaz de proporcionar mobilização social, criar empregos, fortalecer a saúde de seus praticantes e incentivar a preservação do meio ambiente.
Pela importância do tema, a ONU em 2002 através de seu Secretário-Geral na época, Kofi Annan, criou uma força-tarefa com o objetivo de fomentar a prática desportiva entre as nações, fazendo desta uma força-motriz capaz de garantir a preservação da paz entre os povos, pois o esporte deve ser visto como produto da evolução da raça humana e não um meio para alcançá-la.
Se pensarmos na congregação do desporto, da cultura e da educação que regem a filosofia do olimpismo, além dos valores educativos dos bons exemplos, o respeito aos princípios éticos fundamentais e o fair play, constatamos que a prática desportiva é o meio mais eficaz de combate a exclusão social e a miséria humana, proporcionando aos seus praticantes um aprendizado que vai muito além dos livros escolares, e que, mais do que formar atletas de auto-rendimento, forma cidadãos mais conscientes, rompe todas as barreiras do preconceito e contribui para que o direito a prática do esporte não continue a ser um “direito esquecido”.
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