terça-feira, 31 de maio de 2011

AS JANELAS DA FIFA

A FIFA, entidade máxima do futebol, atualmente vive dias bem menos festivos que uma final de Copa do Mundo. Epicentro de vários escândalos envolvendo seu presidente e a compra de votos para eleição da cidade sede da Copa de 2022, mostra (e não é de hoje), que necessita urgentemente de uma reforma profunda em sua organização.

Nesta semana testemunhamos mais um fato que só corrobora para a urgência de uma transformação necessária: novamente foi antecipado o período de janela de transferência internacional intertemporada brasileira, rasgando por completo o que dispõe o art. 6º e parágrafos do Regulamento da FIFA para transferência de jogadores.

Existem 2 períodos em que é possível registrar os jogadores para uma competição: um ocorre entre o fim de uma temporada e início de outra e pode durar até 12 semanas. O outro, intertemporada, pode durar até 4 semanas. Ambos devem ser enviados a FIFA através de Transfer Matching System (TMS), com antecedência de 12 meses.

A entidade não estabelece data certa para as janelas, deixando a cargo de suas filiadas a escolha das datas para que elas aconteçam. Diferente dos países europeus, onde a janela intertemporada tem como objetivo principal repor jogadores, aqui no Brasil essa "porta da esperança" está sempre vinculada a contratações de peso.

Ainda sem data certa para ocorrer, o fenômeno está previsto para meados de junho e, como no ano anterior, foi antecipada a pedido da CBF.

O Assédio Moral no Esporte



O assédio moral é questão que afeta milhões de trabalhadores em todo mundo, e pode ser definido como o conjunto de condutas reiteradas, através de atos ou palavras, que tem por objetivo diminuir o outro, colocando-o em situação humilhante e constrangedora, deteriorando o seu ambiente de trabalho.

Quando levamos a questão para o meio desportivo, esquecemos que os atletas são também regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, apesar do enorme abismo financeiro que os separa do restante da população economicamente ativa de nosso país e, consequentemente, também sujeitos a esse tipo de prática lesiva a tantas corporações.

As condutas abusivas, humilhantes e constrangedoras de dirigentes e treinadores para com os seus pupilos é responsável pela queda de desempenho, angústia, depressão e diminuição da auto-estima dos mesmos. Atletas competindo cada vez mais jovens, preocupados em fazer fama rapidamente, treinos exaustivos, a busca por superação de recordes, confinamentos forçados por longos períodos, todas essas situações corroboram para o aparecimento dessa prática perversa que pode fazer ruir a carreira de um desportista.

Dentre as formas de assédio moral no esporte podemos citar: penalidades que expõem o atleta a situações vexatórias, incitação ao doping, sobrecarga de treinamento, exposição do atleta a perigos excessivos, críticas severas em público, incitação de rivalidade anti-desportista entre competidores, permissão para que sofram retaliações da torcida, entre outras.
Como não poderia deixar de ser, também o esporte foi afetado por essa forma cruel de deterioração das relações empregatícias, corrompendo o respeito que deve haver entre comandantes e comandados e favorecendo o surgimento de desequilíbrios emocionais que acompanharão os atletas para sempre.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Seminário do jornal O Globo

Hoje pela manhã estive presente no Seminário Rio Cidade Sede, patrocinado pelo jornal O Globo e realizado no prédio da Bolsa de Valores do Rio.
Dentre os palestrantes, estavam alguns dos profissionais responsáveis pela organização dos eventos que se realizarão na cidade pelos próximos cinco anos.
Os debates incluíram os compromissos assumidos com os órgãos internacionais responsáveis pela organização das olimpíadas e copa do mundo, a projeção do Brasil enquanto potência olímpica, os desafios da formação de atletas, entre outros.
Evento muito interessante, com gente que efetivamente faz acontecer e, tenho certeza, transformará as competições que aqui se realizarão em verdadeiro marco em nosso país.

O Direito do Cidadão ao Desporto

Não por acaso nossa Constituição da República tem uma seção dedicada ao desporto. Doravante visto como luxo para poucos, mera extravagância ou hobby dos mais abastados, hoje o esporte é atividade que deve ser fomentada pelo Estado, diretamente ou mediante incentivos, garantindo a todos a prática desportiva, tanto formal quanto não-formal.

Já em tempos pretéritos, o esporte era exaltado como peça fundamental de uma filosofia de vida pautada em uma rotina saudável. Alguns filósofos abordaram o tema, ainda que de forma tímida. O pensador Huizinga, ao contrário, dedicou uma obra inteira a abordagem da relação entre o homem e o desporto, já antevendo o que atualmente se considera um compromisso de todas as nações.

O esporte tem o poder de congregar todas as raças, credos e classes sociais, sendo utilizado freqüentemente como meio de apaziguar conflitos e estabelecer, ainda que temporariamente, a ordem em zonas de guerra. É também capaz de proporcionar mobilização social, criar empregos, fortalecer a saúde de seus praticantes e incentivar a preservação do meio ambiente.

Pela importância do tema, a ONU em 2002 através de seu Secretário-Geral na época, Kofi Annan, criou uma força-tarefa com o objetivo de fomentar a prática desportiva entre as nações, fazendo desta uma força-motriz capaz de garantir a preservação da paz entre os povos, pois o esporte deve ser visto como produto da evolução da raça humana e não um meio para alcançá-la.

Se pensarmos na congregação do desporto, da cultura e da educação que regem a filosofia do olimpismo, além dos valores educativos dos bons exemplos, o respeito aos princípios éticos fundamentais e o fair play, constatamos que a prática desportiva é o meio mais eficaz de combate a exclusão social e a miséria humana, proporcionando aos seus praticantes um aprendizado que vai muito além dos livros escolares, e que, mais do que formar atletas de auto-rendimento, forma cidadãos mais conscientes, rompe todas as barreiras do preconceito e contribui para que o direito a prática do esporte não continue a ser um “direito esquecido”. 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...